Turritopsis nutricula, uma água-viva imortal

OBS: O extremo fundo do mar possui as mais estranhas criaturas de nosso planeta, com formas de vida bem diferentes, o que faz a gente pensar se não se tratam de verdadeiros "ETs" vivendo entre nós. Ah! Esta água viva foi mencionada durante uma conversa entre os personagens de Big Bang Theory. Chique, não?

Turritopsis nutricula, uma água-viva imortal

Publicado no G1 e colhido do Tecno Underground

O mar, ainda muito mal conhecido e explorado devido à sua enormidade e profundidade que ocupa 2/3 da superfície terrestre, é onde estão as mais curiosas formas de vida na natureza, na maioria desconhecidas. Talvez por isso seja um dos ambientes mais ameaçados pela degradação ambiental e exploração indiscriminada feitas pelo Homem, ao lado das grandes florestas e seus ecossistemas. Os biólogos, a partir de observações  feitas em laboratório, investigam os mecanismos biológicos pelos quais a Turritopsis Nutricula, uma espécie de água-viva, ou medusa, atinge um estado de imortalidade biológica. Mais ou menos como a Fênix da mitologia, que renasce a partir de suas próprias cinzas. Porém eu diria que se parece mais com a lendária Fonte da Juventude.

Grande parte das águas-vivas, durante o seu ciclo de vida, se alterna entre dois tipos de indivíduos muito diferentes. No primeiro tipo, a medusa se parece mais com um coral, totalmente sedentário, que fica preso ao leito oceânico e agrupado em colônias. Neste ponto, ela se chama de pólipo e se reproduz assexuadamente. Então ela se transforma no segundo tipo, são os animais maduros, águas-vivas propriamente ditas, que nadam e se reproduzem sexuadamente. Medusas jovens, que acabaram de morfar se transformar são capazes de voltar à sua forma de pólipo quando a situação assim o exigir; alterações ambientais, como falta de alimento, queda na temperatura da água, redução da salinidade do mar e até mesmo ferimentos no animal, podem fazê-lo regredir ao estado inicial de desenvolvimento, quando ele literalmente se regenera e rejuvenesce. Águas-vivas mais velhas, no entanto, são incapazes disso. E o seu tempo de vida nessa fase normalmente é curto, voltado exclusivamente para a reprodução, após o qual elas vão para o caixa-prego. Animais cujos mecanismos biológicos são mais voltados para a procriação normalmente são menos favorecidos para a auto-preservação.

A diferença fundamental da Turritopsis Nutricula, que é o que intriga os biólogos e dribla muitas de nossas crenças sobre a inevitabilidade da morte na natureza, é que ela é capaz de voltar facilmente à sua forma de pólipo a qualquer momento de sua vida, mesmo quando completamente formada, o que a torna capaz de rejuvenescer indefinidamente quando assim fizer. Isto é o que a torna imortal, salvo, é claro, se for devorada por um predador ou morta por algum fator externo, pois não foi encontrado um único exemplar morto de morte natural dessa espécie. Trata-se de uma medida evolutiva mais do que extrema da espécie para a sua continuidade. Isto é possibilitado pelo fato de que as Nutricula depende tanto de células-tronco quanto, e principalmente, de células especializadas responsáveis pelo rejuvenescimento, que as auxiliam. É como se as células da nossa pele, totalmente amadurecidas e definidas, passassem a se comportar como células-tronco embrionárias, capazes de fabricar quaisquer outros tipos de células, como neurônios e tecidos de músculos.

Mesmo que isto não signifique a tão procurada Fonte da Juventude, com a qual pessoas poderiam viver para sempre, ou velhos se tornariam novamente jovens num passe de mágica, essa mistura de poderes metamórficos com a "volta à infância" das células, observado na Turritopsis Nutricula, parece ter possibilidades infinitas. Principalmente a nível terapêutico. Imagine poder recuperar neurônios de pessoas com danos cerebrais ou na medula espinhal, com isso poderíamos tratar efetivamente doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer e paralisias diversas, talvez até mesmo vítimas de AVC (derrame cerebral). E tudo isso poderia ser feito usando as próprias células adultas do corpo da pessoa, o que não bateria de frente com determinadas concepções religiosas que supostamente são "pró-vida", que fazem mimimimimi diante de qualquer nova descoberta científica que eles pensam (só pensam) que contradizem suas crenças. Mas se dependesse deles, ainda estaríamos na Idade Média, vivendo em cabanas imundas junto com ratos e pensando que a Terra é plana como uma bandeja. Agora só falta eles reclamarem que os cientistas estão tentando "enganar a morte", o que seria uma espécie de blasfêmia contra Deus. Por que raios então ele criou uma água-viva que não morre e a colocou em quase todos os mares da Terra ? Vamos proibir as pessoas de irem ao médico, tomar remédios e se tratarem de uma vez, então, já que o nosso destino é morrer de qualquer jeito.

Enquanto tais pessoas, que são de um materialismo intelectual sem tamanho, que não usam o cérebro, e só sabem reclamar, mas não levantam uma palha para melhorar a qualidade de vida das pessoas de forma significativa, cientistas estão pesquisando como o mecanismo de rejuvenescimento das Turritopsis Nutricula poderá ser usado para alavancar as pesquisas com células-tronco, cujos resultados tem sido um sucesso no tratamento de diversas doenças. Isso, só o tempo dirá, mas é certo que os nossos horizontes do conhecimento serão expandidos, pois, como disse Einstein, toda mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original.

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