Tiro pela culatra
O Rappa sempre foi marcado por ser uma banda de protesto. O excelente disco de 1999, Lado B, Lado A, que eu tenho em minha discoteca, é quase todo de músicas de protesto. Mas pelo jeito, O Rappa, ao tentar fugir deste estigma, se prendeu ainda mais nele.
Recentemente rolava na TV uma propaganda da FIAT com a nova música da banda, que incentivava as pessoas a irem para a rua, não para protestar, mas para se alienar com a copa das confederações. A propaganda era tão hipnótica que chegava a mostrar uma mensagem subliminar através da focalização de uma escadaria em formato de rocambole, muito utilizado pela hipnose.
Mas o tiro saiu pela culatra, e uma música que estimulava a alienação, uma mobilidade inerte, passou a estimular os protestos que vimos ontem justamente contra os gastos exorbitantes da copa que impediam os investimentos em serviços essenciais e mais sérios (algo que previ bem antes da ocorrência dessa copa). Muita gente usou o refrão da música como palavra de ordem.
O Rappa, na intenção de cantar algo puramente lúdico, acabou sem querer - querendo - retomando suas origens de banda de protesto estimulando uma mobilização que pode mudar radicalmente os rumos do país.
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