Paciente em estado vegetativo se comunica em ressonância

OBS: Esta descoberta vai revolucionar a maneira de entender o comportamento do cérebro, este órgão tão útil para nós e ainda cheio de mistérios a seres descobertos. Também pode revolucionar a maneira de nos comunicarmos e até de entender a espiritualidade, já que para que houvesse a comunicação com um corpo nestas condições, o espírito prova estar atuante.

Doente que estava em estado vegetativo mostra “estar bem” com exame neurológico

13.11.2012 - 13:47 - Do jornal português Público

Os exames de ressonância magnética podem ajudar a avaliar o estado de consciência de pessoas que sofreram danos cerebrais durante acidentes Os exames de ressonância magnética podem ajudar a avaliar o estado de consciência de pessoas que sofreram danos cerebrais durante acidentes (New England Journal of Medicine)

Durante anos os médicos pensavam que Scott Routley estava num estado vegetativo. Agora, este doente canadiano conseguiu comunicar através de exames de ressonância magnética e mostrou estar bem.


Apesar de Routley continuar a ter as características que estão associadas aos doentes em estado vegetativo, esta descoberta mostra que está consciente, refere o investigador britânico Adrian Owen, que liderou a equipa no Instituto Cérebro e Mente, na Universidade do Ontário Ocidental, no Canadá.

“Scott foi capaz de mostrar que tem uma mente consciente, que pensa. Fizemos vários exames e o padrão de actividade do cérebro mostra claramente que está a escolher responder às questões. Acreditamos que ele sabe quem é e onde está”, disse o cientista à BBC, que nesta terça-feira vai passar um programa sobre situações semelhantes que andou a acompanhar.

Há 12 anos, o doente canadiano teve um acidente de carro que provocou danos profundos no cérebro. Apesar de os familiares defenderem que ele tinha consciência e podia comunicar mexendo o polegar ou fazendo movimentos com os olhos, a equipa médica nunca acreditou.

Os doentes em coma podem passar para um estado vegetativo em que abrem os olhos, têm os ciclos normais de sono e de vigília, mas não têm consciência do seu redor e não dão sinais nenhuns de comunicação.

Para Adrien Owen este é um momento único. “Perguntar a um doente uma informação que seja importante para ele é um objectivo que temos há muitos anos. No futuro, podemos perguntar o que é que pode ser feito para melhorar o seu bem-estar. Pode ser qualquer coisa como entretê-lo ou mudar as horas a que é alimentado ou que a higiene é feita”, explica. 

Imaginar jogar ténis   

As respostas de Scott Routley não foram simples “sim” ou “não”. Para a técnica de ressonância magnética funcionar, os médicos pedem aos doentes para pensar em duas actividades distintas, imaginar-se a jogar ténis ou a caminhar por casa. Este esforço imaginativo tem duas representações diferente no cérebro e é detectado pela ressonância magnética que lê o fluxo de sangue rico em oxigénio em regiões diferentes do cérebro. Depois, estabelece-se que uma das imagens é um “sim” e a outra é um “não”.

O médico que seguia Routley há dez anos explica que os exames mudam todas as avaliações feitas previamente sobre o estado do canadiano. “Ele tinha o quadro clínico de um doente vegetativo típico”, disse Bryan Young, neurologista do Hospital Universitário de Londres, Ontário, no Canadá. “Fiquei muito impressionado e surpreendido que fosse capaz de mostrar estas respostas cognitivas no exame de ressonância magnética”, admitiu, citado pelo diário britânico Guardian.

Young referiu ainda que esta técnica de Adrien Owen deveria passar a constar nos livros científicos. O cientista já tinha publicado um estudo que mostrava a capacidade desta técnica em 2010, na revista The New England Journal of Medicine.  

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