Estão superestimando o filme Tropa de Elite

Parece que até agora ninguém se deu conta de que o cinema comercial chegou ao Brasil. Um cinema padronizado, mercantil, com finalidades claras de gerar lucros, nem que tenha que abrir mão da espontaneidade e do amor à arte. Aliás nem dá para falar em arte no Brasil, já que com o cinema comercial e com o popularesco, podemos afirmar que o casamento do cinema e da música com o dinheiro é algo bastante real e sólido, doa a quem doer.

Recentemente foi lançado a segunda parte de Tropa de Elite. Sabem o que é o filme Tropa de Elite? Nada menos que um daqueles filmes de ação adaptados à realidade brasileira. Desses que costumam ser protagonizados pelo Jason Statham, para não dizer o Stallone. Pau puro!

Como é que para a mídia brasileira, o filme está sendo tratado como se fosse um filme de Godard, de Antonioni, de Fellini? Filme de arte o cacete! Todas as características de Tropa de Elite deixam claro o fato de ser um filme de entretenimento-porrada, por mais realista que seja.

Parar piorar, há o dedo da hegemônica produtora Globo Filmes (sempre ela...), garantindo o caráter mercantil das películas. Tudo bem que ninguém é obrigado a passar fome. Mas na cultura comercial, dinheiro não é consequência, é objetivo. Numa obra comercial, tudo é manobrado para que os lucros sejam certos, inevitáveis. por isso que toda obra comercial tem a sua espontaneidade, espontaneamente amputada (gostaram do trocadilho?).

O filme pode até ter seus méritos, mas como filme comercial, de entretenimento. Mas daí a tratar como obra de arte, é coisa de gente totalmente leiga em cinema.

Com a morte de muitos dos grandes cineastas-autores, o cinema comercial (que é também conhecido como cinema-de-produtor, em oposição ao quase finado cinema-de-autor)vem expandindo seus podres tentáculos e impedindo a criatividade e o bom senso. Já não se fazem mais obras para se pensar e sim para masturbar, no sentido figurado (e não figurado também!).

É uma pena ver o cinema brasileiro ir rumo a decadência de ter que usar obras de puro entretenimento para substituir (descaradamente) os filmes de arte que não consegue produzir.

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